Nordeste arretado: O melhor efeito escola

Volta e meia destaco a força que o Nordeste tem. Sem nenhum exagero, afirmo e trago dados que reforçam que é por aqui onde se começa a transformação da educação brasileira, onde as boas práticas se tornam exemplos para o país. Os avanços daqui são os mais significativos em contribuição efetiva para a diminuição das desigualdades educacionais no Brasil, visto que no Nordeste os indicadores socioeconômicos (analfabetismo, desemprego, pobreza, saneamento) são mais críticos. O efeito escola (Soares, 2004) é maior, pois o esforço de partida não conta com fatores externos facilitadores do processo de ensino e aprendizagem.

Vejamos: Sobral é consagradamente a capital da alfabetização do Brasil. O Ceará tem 82 das 100 melhores escolas de anos iniciais do Ensino Fundamental. Já Pernambuco é o grande modelo de Ensino Médio para o país. Saiu dos últimos lugares para atingir o melhor IDEB dos estados, em 2015. Hoje, continua entre os melhores e possui a maior rede de escolas integrais, modelo exportado para vários estados do Sul e Sudeste. E os exemplos não param por aí. Quando fazemos uma análise dos grandes centros urbanos, Teresina é a capital com melhor desempenho educacional, tanto nos anos iniciais, quanto nos finais. Maceió e Recife são as que mais avançam.

Ao analisarmos estes movimentos na perspectiva da última década, temos uma velocidade de crescimento que nos coloca em um ritmo acima da média.

Tamanho sucesso é um fenômeno em curso que deve ser ressaltado e estudado. Por dentro de resultados tão positivos existem intervenções estruturadas, programas de alfabetização e letramento, programas de educação integral, sistemas de avaliação padronizada, formação de professores, processos de incentivo à metodologia científica e pedagogia de projetos, que apontam para modelos que podem ser adaptados para outras realidades regionais.

As melhores práticas educacionais nordestinas merecem ser replicadas

Sem adivinhações, pouco mais de um mês após a realização de mais um período de provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), cravo aqui um prognóstico com muita segurança: o Nordeste continuará surpreendendo e será novamente destaque no IDEB de 2019, que terá resultados publicados no início do 2o semestre do ano que vem. A aposta é com base na análise de um movimento e do entendimento de que os avanços são processuais e as intervenções continuam em curso completando os ciclos das etapas de ensino, gerando, assim, um impacto mais profundo sobre o aprendizado do estudante.

O Ceará tende a tomar a dianteira no Ensino Médio e, com a base tão forte, a deslocar de forma marcante um novo patamar. Pernambuco continuará entre os melhores; e outros estados, como Alagoas, também experimentarão os mesmos movimentos de saltos. Já em relação às capitais, continuo apostando na manutenção da liderança de Teresina e de novos grandes avanços, principalmente de Recife, Fortaleza e Salvador.

Avança, Nordeste! O Brasil aprende contigo.

 

Rogério Morais
Rogério Morais é Secretário Executivo para a Primeira Infância do Recife. Também é líder MLG pelo Master em Liderança e Gestão Pública e colunista da Transamérica FM 92.7. Foi Secretário Executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife por seis anos. É administrador e especialista em Gestão Educacional.

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