As práticas e estratégias das escolas com bons resultados nos anos iniciais do Ensino Fundamental

O estudo Excelência com Equidade para os anos iniciais

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No último post, há duas semanas, apresentei os resultados do Ideb 2015 e escrevi que abordaria nesse post as escolas que conseguem bons resultados educacionais. Para começar, vou apresentar algumas características das escolas que conseguem bons resultados nos anos iniciais do Ensino Fundamental. No post seguinte abordarei as características das escolas com bons resultados nos anos finais.

Desenvolvido entre 2012 e 2014, o estudo Excelência com Equidade, feito em parceria pela Fundação Lemann e o Itaú BBA, buscou analisar o que 215 escolas que conseguiram ótimos resultados com alunos de baixo nível socioeconômico apresentam como diferenciais, de acordo com visitas aprofundadas a escolas com bons indicadores educacionais e por meio de modelos estatísticos feitos a partir de dados da Prova Brasil e do Censo Escolar.

O relatório completo da pesquisa, com os resultados dos relatórios qualitativo e quantitativos, podem ser acessados aqui: http://fundacaolemann.org.br/uploads/estudos/excelencia_com_equidade_qualitativo_e_quantitativo.pdf

Algumas análises do estudo também foram apresentadas em algumas reportagens (O Globo, Agência Brasil, editorial de O Estado de S. Paulo).

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Mas o que encontramos?

O estudo qualitativo da pesquisa nos permitiu identificar as práticas e estratégias comuns das escolas que passaram pelos critérios, enquanto o estudo quantitativo procurou mapear as características dessas 215 unidades que podem explicar o sucesso e as ações que conseguiram implementar. Listo abaixo as principais conclusões do estudo.

 

Quatro práticas comuns às escolas que conseguem garantir o aprendizado de todos os alunos

Primeiramente, todas as escolas analisadas em profundidade definem metas, tendo claro seus objetivos. Essas metas sempre estão relacionadas ao aprendizado dos alunos. Um segundo aspecto, talvez o mais importante, é que as escolas acompanham de perto – e continuamente – o aprendizado dos alunos. Muitas vezes esse acompanhamento é liderado pela secretaria, que faz um acompanhamento minucioso do trabalho das escolas, buscando lhes dar um suporte adequado. Esse acompanhamento busca fornecer dados sobre o aprendizado para embasar as ações pedagógicas, como reforço escolar e formação continuada. Por fim, há uma atenção da gestão escolar par fazer da escola um ambiente agradável e propício ao aprendizado.

 

Quatro estratégias-chave usadas por escolas que obtiveram sucesso ao implementar mudanças

Um dos grandes apontamentos do estudo foi que tão importante quanto a prática é o “como fazer“. Uma boa ideia se mal implementada não só pode não ter efeito positivo como pode ter efeito negativo. Por isso, há aspectos chave para a implementação de uma boa política educacional. Primeiramente, é fundamental criar um fluxo aberto e transparente de comunicação, tanto entre escola e secretaria, como entre escola e comunidade escolar. Também é essencial que a gestão escolar e da secretaria de educação respeite a experiência dos professores e os apoie em seu trabalho. É preciso empoderar os professores, que estão no dia-a-dia com os alunos e buscam garantir o aprendizado deles.

Como os desafios educacionais são grandes, e mudanças em um sistema não são simples, é necessário ter grupos comprometidos para enfrentar resistências dentro das escolas. Por fim, é fundamental ganhar o apoio de atores de fora da escola, como os pais e a comunidade do entorno.

 

Quatro características que ilustram o porquê do sucesso das 215 escolas

O estudo quantitativo do estudo também mostrou as características dessas escolas com bons resultados. Primeiramente, boa parte delas integra uma rede de ensino que oferece condições e apoio para que as mudanças aconteçam. Um segundo aspecto muito importante é que a gestão dos recursos têm um maior foco na garantia das condições de aprendizagem em comparação com outras escolas. Essas escolas também se destacam em relação às condições para o ensino e procuram garantir um bom clima escolar para mantê-las. Por fim, elas contam com uma gestão escolar focada na aprendizagem dos alunos e se apropriam dos recursos e das condições escolares em favor do ensino.

 

Possui uma boa prática nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Conte para gente!

Quer ajuda para implementar uma ação do Excelência com equidade, conte com a gente! 🙂 A Fundação Lemann está fazendo workshops para levar as práticas do estudo Excelência com Equidade para secretarias de educação. Tem interesse em levar para a sua? Inscreva-se agora! E se o estudo já inspirou mudanças na sua escola ou rede, não deixe de compartilhar a sua experiência por meio deste formulário.

Ernesto Martins Faria
Ernesto Faria é graduado em Ciências Econômicas pelo Insper (2008), com extensão em Econometria Aplicada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe-USP, 2012), mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP, 2015) e doutorando em Organização do Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores na Universidade de Coimbra. Especialista em cálculos e análises de indicadores educacionais, já passou pelo Todos pela Educação e pela Fundação Lemann, onde ficou 6 anos e coordenou a criação do portal QEdu e a série de estudos Excelência com Equidade. Em 2017, fundou o Iede, que visa contribuir com a qualidade do debate educacional por meio de pesquisas.

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