O cenário da educação brasileira e o que podemos fazer para mudá-lo

Em setembro, foram divulgados os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e os números obtidos ficaram muito abaixo do desejável. Esse cenário motivou a Fundação Lemann e o QEdu a estabelecerem uma parceria para discutir esses dados e como melhorá-los.

Neste texto, apresentamos um cenário geral do que os resultados das avaliações mostraram e, na segunda-feira dia 7 de novembro, discutiremos práticas e experiências de escolas que conseguiram atingir bons resultados educacionais, em sua maioria da série Excelência com Equidade – feito pela Fundação Lemann em parceria com o Itaú BBA e o Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo. Tem alguma prática? Envie para blog@qedu.org.br e ela poderá ser apresentada nesse post.

Com isso, esperamos ajudar nas reflexões sobre ações que podem ser feitas para que mais escolas garantam para os alunos um aprendizado que lhes propiciem concretizar seus projetos de vida.

Primeiramente, o que é o Ideb?

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado pelo Ministério da Educação em 2007 com a finalidade de mensurar e avaliar dois indicadores de forma conjunta: as taxas de aprovação/reprovação das escolas e o desempenho de seus alunos em português e matemática. Ele avalia separadamente três ciclos escolares: Ensino Fundamental I (1º ao 5ºano), Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano), e Ensino Médio.

Por que mesclar indicadores com características bem diferentes (aprovação e aprendizado)?

O pressuposto é que, em uma situação ideal, os alunos concluem uma etapa de ensino no tempo previsto, sem reprovação nem abandono, e aprendem o conteúdo esperado. Se uma escola não consegue garantir que os alunos aprendam no tempo certo e os reprova, ela é penalizada pelo resultado de aprovação. Se aprova facilmente os alunos, mesmo que não tenham aprendido o que precisam, é penalizada pela resultado das notas.

Cenário Geral

Os resultados dos anos iniciais do Ensino Fundamental avançaram, embora muitos alunos do país ainda apresentem um nível de proficiência muito abaixo do desejável. O Ideb da rede pública em 2015 foi de 5,3 e o Ideb geral do país, que contabiliza as escolas privadas, foi de 5,5. O patamar ainda não representa o indicador desejável, mas avançamos consideravelmente na direção da meta de 6,0 para 2021. Em 2007, o indicador era 4,2.

Cenário mais difícil é apresentado nos anos finais. As taxas de aprovação estão subindo muito lentamente, a evolução em proficiência é abaixo do desejável e não concretiza completamente os avanços dos anos iniciais em anos anteriores. O Ideb da rede pública para a etapa é de 4,2 e o Ideb geral do país é 4,5. Apesar do avanço na proficiência em matemática e língua portuguesa, os alunos de 2015 que saíram com um nível de aprendizagem mais alto nos anos iniciais que os de 2011 não terminaram o Ensino Fundamental com um aprendizado consideravelmente melhor.

O Ensino Médio também apresenta resultados bem insatisfatórios. As taxas de aprovação evoluem muito lentamente e os índices de proficiência são muito baixos. O Ideb da rede pública em 2015 foi de 3,5 e o Ideb geral do país foi de 3,7. Em relação aos índices de proficiência, o Brasil está no mesmo patamar de 2007, quando o Ideb foi criado. Mais preocupante ainda é que nenhuma rede estadual do país apresenta bons indicadores. Os índices mais altos são de São Paulo e Pernambuco com o baixo índice de 3,9.

De forma geral, podemos concluir que:

  • Os resultados do Ideb apresentam alguns avanços nos anos iniciais, mas o cenário se mostra preocupante de forma geral.
  • Os avanços obtidos na primeira etapa do Ensino Fundamental não têm garantido avanços consistentes nos anos finais.
  • O Brasil também não tem conseguido evoluir no Ensino Médio, que está em um patamar muito baixo.
  • Os indicadores de fluxo do país não evoluem na velocidade adequada.

 

Por Ernesto Martins Faria, gerente da área de Qualidade da Fundação Lemann


Clique aqui para conhecer o estudo Excelência com Equidade

A Fundação Lemann está organizando workshops para secretarias de educação sobre as práticas do Excelência com Equidade. Clique aqui e inscreva a sua secretaria na lista de interesse.

Já utilizou alguma prática que conheceu no estudo em sua escola ou secretaria? Conte pra gente como foi!

Ernesto Martins Faria
Ernesto Faria é graduado em Ciências Econômicas pelo Insper (2008), com extensão em Econometria Aplicada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe-USP, 2012), mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP, 2015) e doutorando em Organização do Ensino, Aprendizagem e Formação de Professores na Universidade de Coimbra. Especialista em cálculos e análises de indicadores educacionais, já passou pelo Todos pela Educação e pela Fundação Lemann, onde ficou 6 anos e coordenou a criação do portal QEdu e a série de estudos Excelência com Equidade. Em 2017, fundou o Iede, que visa contribuir com a qualidade do debate educacional por meio de pesquisas.

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