O que o Censo Demográfico e o Censo Escolar têm em comum?

Todo mundo conhece o Censo Demográfico, a pesquisa nacional realizada através de visita às residências e que acontece a cada dez anos. Mas você sabia que existe também um Censo Escolar? Ele é respondido todos os anos, por todos os diretores das escolas, via internet, por meio do portal Educacenso.

Será que é possível utilizar os dados dessas duas grandes pesquisas em conjunto? Hoje, vamos aprender onde o Censo Escolar encosta no Censo Demográfico e extrair o melhor dos dois mundos.

O Censo Demográfico

Você sabia que, segundo o IBGE, a população brasileira aumenta a cada 19 segundos? Até o fechamento deste artigo, a projeção era que havia 204.366.719 pessoas vivendo em nosso país. Essa estimativa é obtida por meio do Censo Demográfico, que além de contar o número de pessoas que vivem em um região, mas também dados de emprego, fecundidade, interesse econômico etc.

Censo é o conjunto de dados estatísticos de uma região, e acontece em diversos países, geralmente a cada dez anos. Ele serve para tirar um “retrato” da população do país naquela década, baseando-se em números obtidos através da resposta de um questionário. A palavra tem origem no latim “census” que significa “estimativa”.

No Brasil não é diferente: o primeiro Censo foi realizado no começo de 1870 – e não foi fácil. Apesar de ter sido planejado em 1846, os recursos foram autorizados para a pesquisa somente em 1850. A realização seria em 1852, e a ideia é que acontecesse a cada oito anos. Mas a população foi contra e se rebelou, acreditando que era um decreto para escravizar homens de cor, o que adiou a pesquisa em 20 anos. Só em 1872 o primeiro “Recenseamento da População do Império do Brasil” foi efetuado.

Desde 1940, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é responsável pela coleta e análise dos dados do Censo.

A primeira parte do Censo é a realização de uma pesquisa, concretizada pelo IBGE, em todo o território nacional ao mesmo tempo, de forma a evitar duplicidade. Uma amostragem representativa das pessoas do país são entrevistadas, recolhendo-se dados de interesse econômico e social, tais como os de mão-de-obra, emprego, desemprego, rendimento, fecundidade, migrações internas, dentre outros temas. Depois, o IBGE reúne, organiza e disponibiliza esses dados para toda a população.

O Censo Escolar

Criado em 1996 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Censo Escolar coleta dados anualmente de todas as escolas públicas e particulares de educação básica (educação Infantil e ensinos fundamental e médio, educação especial e educação de jovens e adultos) do Brasil através do portal Educacenso. Em 2015, pela primeira vez, escolas que oferecem Educação à Distância também vão preencher o questionário, que precisa ser entregue até 12 de agosto de 2015.

Assim como o Censo Demográfico, o Censo Escolar também serve como um retrato da escola em números. Recolhe-se dados sobre os estabelecimentos (infraestrutura), matrículas, funções docentes, movimento e rendimento escolar. O Inep informa que “os dados declarados devem refletir a realidade da escola da última quarta-feira do mês de maio, Dia Nacional do Censo Escolar.”

Além de levantar esse panorama dos alunos e escolas brasileiras, é com base no Educasenso, além de outras avaliações como a Prova Brasil, que se calcula o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – já que ele tem dados sobre a evasão e repetência dos alunos. Também é através dele que se planeja a distribuição de recursos para as escolas, como alimentação, transporte, material escolar e outros.

Uma das principais vantagens do Censo Escolar é determinar a quantidade de matrículas que as escolas brasileiras oferecem.

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Dados do Censo Escolar 2013 para as redes públicas e privadas das zonas urbanas e rurais.

O Censo Escolar e o Censo Demográfico

Ambos falam sobre pessoas. Tiram um retrato atual das pessoas do país: onde vivem, qual sua família, quantos filhos e quais as suas idades, como trabalham, qual sua situação socioeconômica.

O Censo Escolar também tira um retrato atual das pessoas que estão na escola: quantos são os alunos, quantos foram aprovados, reprovados ou abandonaram, quantos são e qual a formação dos professores, recursos tecnológicos que a escola dispõe etc. Dessa forma, podemos ter uma imagem clara da situação escolar no país neste momento.

A Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), construiu um projeto para identificar quantas crianças não estavam estudando na idade adequada e o porquê. Assim, utilizando os microdados do Censo 2010, foi criado o projeto Fora da Escola Não Pode.

O Fora da Escola Não Pode descobriu a alarmante realidade do fluxo estudantil no país: mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de idade estavam fora da escola no Brasil em 2010. O estudo mostra que “em todas as faixas etárias, os mais excluídos são as meninas e os meninos negros, que vivem no campo, em famílias de baixa renda, com pais ou responsáveis com pouca ou nenhuma escolaridade.”

Veja os alunos que estão fora da escola em Florianópolis, capital de Santa Catarina:

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Ainda dá tempo de mudar esse cenário: os municípios têm até 2016 para oferecer vagas o suficiente na sua rede para acomodar toda pessoa em idade escolar. Afinal, o primeiro passo para aprender é estar na escola.


Comunicadora social por formação, programadora front-end por profissão, navega entre os universos das Humanas e das Exatas dando seus pitacos aqui e acolá.

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